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    Projeto Sementes do Cerrado: Equipe técnica da RSC inicia atividades de campo no Assentamento Oziel Alves

    Nos dias 7 e 8 de abril, a equipe da Rede de Sementes do Cerrado (RSC) realizou uma visita técnica ao Assentamento Oziel Alves III, localizado em Planaltina (DF). A ação integra o projeto “Sementes do Cerrado: caminhos para o fortalecimento da cadeia de restauração ecológica inclusiva nos corredores da biodiversidade” e marca o início das atividades de campo.

    O primeiro dia foi marcado por uma reunião da equipe da RSC com representantes da APROSPERA (Associação dos Produtores Agroecológicos do Alto São Bartolomeu) e da APRACOA (Associação dos Produtores Rurais e Artesanais Oziel Alves III), duas instituições que atuam no território. Durante o encontro, que também contou com a participação do ICMBio, representado pela gestão da Área de Proteção Ambiental (APA) do Planalto Central, foi apresentado o escopo do projeto, discutidas as ações previstas e estabelecidas as primeiras articulações com os assentados que irão receber as práticas de restauração produtiva.

    Maria Eduarda Camargo, coordenadora do Núcleo de Restauração da RSC e supervisora de restauração do projeto Sementes do Cerrado, ressaltou que um dos principais pontos discutidos foi o impacto constante dos incêndios florestais na região e a importância de integrar essa temática às ações de restauração produtiva. “Os incêndios representam uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo assentamento. Com frequência, áreas de produção e de restauração são perdidas, além de haver perdas de estruturas físicas e residências. Tivemos um diálogo importante com o ICMBio sobre formas de apoiar neste  enfrentamento, que é um dos maiores desafios locais”, afirmou.

     

    Reconhecido por sua trajetória de resistência e inovação na agricultura familiar, no Assentamento Oziel Alves III será realizada uma experiência em restauração produtiva, com a implementação dos chamados sistemas agrocerratenses (SACEs). Essa abordagem alia a recuperação de áreas abertas do Cerrado à produção agrícola sustentável. “É um modelo que mescla a restauração ecológica de áreas savânicas com práticas produtivas, como o cultivo de hortaliças e outras espécies de interesse da comunidade”, acrescenta Maria Eduarda Moreira.

    No segundo dia, os técnicos começaram as visitas às 12 propriedades que irão receber a implantação dos sistemas de restauração. Ao todo, serão seis hectares de áreas degradadas recuperadas, com orientação técnica da RSC e o envolvimento direto dos produtores locais.

    Natanna Horstmann, coordenadora-geral do projeto Sementes do Cerrado, destacou que a área escolhida está inserida na bacia do Ribeirão Pipiripau, região considerada importante para o abastecimento do Distrito Federal e reconhecida pela Unesco por sua alta vulnerabilidade hídrica. “Restaurar essas áreas é também proteger o abastecimento de água de milhares de pessoas. É uma ação que conecta produção, conservação e segurança ambiental”, complementa.

    Parceria

    O projeto contará com a colaboração do ICMBio na definição e no monitoramento de áreas prioritárias para a prevenção de incêndios, bem como na implementação do Plano de Gestão do Fogo da APA do Planalto Central. Essa atuação se dará por meio de estratégias de manejo integrado do fogo e outras práticas desenvolvidas em articulação com a comunidade local. Além disso, o ICMBio apoiará a formação e capacitação de uma brigada voluntária no assentamento, fortalecendo a atuação comunitária na prevenção e no combate a incêndios.


    Com essa iniciativa, a Rede de Sementes do Cerrado contribui com a construção de uma cadeia de restauração ecológica inclusiva, que valoriza os saberes locais, fortalece a agricultura familiar e atua diretamente para a conservação do Cerrado.

    Sobre o projeto


    Financiado pelo Edital Corredores da Biodiversidade, da Iniciativa Floresta Viva, o projeto vai muito além da recuperação ambiental. A proposta busca promover a inclusão social, valorizar o conhecimento tradicional, fortalecer a economia local e reconhecer o protagonismo das comunidades na conservação do bioma. Ao longo de 48 meses, a RSC conduzirá ações de restauração ecológica com foco na mobilização comunitária e na geração de renda por meio da cadeia de sementes nativas.

    O projeto é financiado pelo Edital Corredores da Biodiversidade, da Iniciativa Floresta Viva, promovida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A iniciativa tem como objetivo apoiar projetos de restauração ecológica em diferentes biomas brasileiros, contando com o apoio da Petrobras e do FUNBIO como parceiro gestor.

    Texto: Thaís Souza
    Edição: Maria Antônia Perdigão

    Publicado em 10/04/2025

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